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O Inverno e a Alimentação – Medicina Chinesa

O Inverno e a Alimentação – Medicina Tradicional Chinesa

O Inverno é o tempo das comidas quentes e reconfortantes! Especialmente se vivermos num
sítio com invernos frios.

No Inverno, a natureza parece congelada e morta: as árvores encontram-se despidas, a terra
está em repouso e os animais estão escondidos nas suas tocas. Nesta profunda quietude da
natureza, o inverno chama-nos a olharmos mais além para o que está escondido no interior da
terra e nas profundezas do nosso corpo. É a altura para nos reconectarmos com o nosso ser
interior e aceitarmos não só a escuridão à nossa volta, mas também dentro de nós. É a estação
de ficarmos mais recolhidos em casa e começarmos a delinear as nossas intensões para o
começo do novo ciclo, na primavera, enquanto nos nutrimos com refeições mais quentes e
demoradas.

A alimentação a seguir no Inverno é semelhante à do Outono, mas podemos dizer que nesta
altura devemos seguir ainda mais à risca as recomendações que já seguíamos no Outono, pois
o Inverno ainda é mais frio e yin que o Outono

 

Comer de acordo com o clima

O inverno é a estação mais fria, mais yin do ano. Nesta altura devemos comer alimentos
sazonais e cozinhados lentamente por mais tempo – como é o caso das sopas, guisados,
cozidos, estufados e pratos assados. Estes métodos criam um calor mais profundo e fornecem
mais energia ao longo do dia.

Raízes e tubérculos
Cebolas, cenouras, nabos, pastinacas, rabanetes, beterrabas, batatas, inhames, batatas-
doces… – se crescer no subsolo, e foi colhido no Outono é também um alimento de inverno.
 Todas as raízes dão força, tonificam o centro e a digestão. As raízes doces, como a batata-
doce e a cenoura, beneficiam especificamente o sistema digestivo. As raízes picantes, como as
cebolas e os nabos, drenam os mucos e beneficiam os pulmões e os intestinos.

Abóboras
Menina, gila, butternut, manteiga, Hokkaido… qualquer uma. A abóbora tem a pele dura e
aguenta-se bem durante o Outono, Inverno, Primavera e até mesmo no início do Verão, se
armazenada correctamente. As abóboras correlacionam-se com a estação do fim do Verão e
ajudam a trazer equilíbrio e estabilidade ao centro, durante os períodos de transição. Com o
seu sabor doce e neutro, são bons alimentos para aquecer o centro e fortalecer o sistema
digestivo.

Vegetais de inverno
A maioria dos vegetais ou ficaram queimados pelo sol do verão ou murcharam com o clima
mais frio. Mas há alguns que são mais resistentes e que podemos encontrar nos campos
agrícolas – como é o caso das couves (kale, portuguesa, galega, bruxelas, lombarda…), os
bróculos, a couve-flôr, as acelgas, os agriões e os espinafres. Adicione estes vegetais às suas
sopas e guisados, ou então asse-os com as raízes e abóboras.

Frutas
São poucas as frutas que conseguimos encontrar disponíveis nesta altura do ano. As excepções
são as maçãs, as pêras, os kiwis, os cítricos (limão, laranja e tangerina) e as bananas.

Frutos secos e sementes
Pequenos alimentos, mas muito ricos nutricionalmente e cheios de energia. Os frutos secos e
as sementes constroem e fortalecem o corpo. Potenciam o aumento de peso e combatem as
debilidades, sendo ótimos alimentos para pessoas magras, fracas e frágeis. Por este motivo,
as pessoas que não têm esta constituição devem ter cuidado nas quantidades ingeridas,
devendo limitar a um punhado por dia. Use os frutos secos, mantendo-as com a casca até ao
momento de usar, ou congele-os descascadas para evitar óleos rançosos que agravam as
alergias e enfraquecem o sistema imunológico. Pessoas com excesso de muco, catarro ou
corrimento nasal devem evitar estes alimentos.

Proteínas animais e caldos
Para aqueles que decidirem comer proteína animal, consumir um pouco mais durante os
meses mais frios é apropriado. O ideal é assar, cozer ou estufar a carne e utilizar os ossos para
preparar caldos. O tempo de cozimento mais longo ajuda a mover a energia do corpo para
dentro, aquecendo e nutrindo profundamente.

Peixes, moluscos e algas
Para a Medicina Chinesa, o Inverno ao ser a estação mais fria e yin, associa-se ao elemento
água. É aconselhado nesta altura do ano comer peixe e moluscos (sempre de pesca
sustentável) e algas (kombu, kelp, nori, agar-agar) provenientes do atlântico norte.

Cereais integrais
Os cereais integrais têm feito parte das nossas dietas desde os primórdios e constituem uma
parte essencial das nossas dietas ao fornecerem vitaminas essenciais, minerais, proteínas e
hidratos de carbono complexos. Nesta altura do ano destaca-se a quinoa preta, o arroz preto e
o arroz selvagem, mas qualquer cereal integral consegue dar o aporte calórico necessário para
se conseguir suportar o frio desta estação.

Lentilhas e leguminosas
Ricas em fibras, proteínas e vitaminas, as lentilhas e as leguminosas são alimentos completos,
que têm a capacidade de estabilizar os níveis de açúcar no sangue (ótimo para diabetes). Para
a Medicina Chinesa, as leguminosas, de um modo geral, fortalecem os rins e e as glândulas
supra-renais, enquanto acalmam o sistema nervoso. Estes alimentos, dão estabilidade ao
corpo e por isso, fortalecem a coluna, a medula óssea e estimulam cérebro. Têm também uma
acção diurética no organismo, sendo indicados para pessoas com retenção de líquidos, edemas
e excesso de peso.
Adicione leguminosas às sopas, coma hummus, pasta de feijão preto ou prepare, até um caril
de lentilhas. Mas se não estiver habituado a comer estes ingredientes regularmente, comece
devagar, talvez por um tipo de cada vez, para ir habituado aos poucos o seu organismo.
Os feijões e restantes leguminosas devem ser comprados secos e demolhados da noite para o
dia com alga kombu e, posteriormente, lavados e cozidos em panela de pressão, para evitar
problemas na digestão e prevenir a flatulência e as cólicas.

Cogumelos e fungos
Fabulosos para o sistema imunológico, para os pulmões e para os rins, os cogumelos voltam a
estar disponíveis nesta altura do ano. Para cozinhar, os meus favoritos são os shitake e os
pleurotus, mas honestamente, todos são deliciosos e ajudam a fortalecer o sistema imunitário.
Sempre que puder opte pelos cogumelos frescos e secos e evite os enlatados.

As cores azul e preta
Para a Medicina Chinesa, cada estação tem uma cor correspondente e que vai beneficiar o
organismo nessa altura. As cores do Inverno são a azul e a preta. É importante nesta altura no
ano, adicionar à alimentação sementes de sésamo preto, arroz preto, ossos com tutano nos
caldos e sopas, tinta do choco, molho de soja e o miso.

 


 

Mais questões/dúvidas?

Contacte-nos.

 

(Artigo elaborado por Adriana Reis Silva, Especialista de Medicina Tradicional Chinesa, formada com distinção no curso de cinco anos pela Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa – ESMTC – Lisboa. Aprofundou os estudos em Nanjing – China – tendo trabalhado em hospitais da cidade, sob supervisão de médicos conceituados na área da Medicina Chinesa, nos departamentos de Ginecologia, Pediatria, Gastroenterologia, Neurologia e Medicina Interna. Pode ter consulta com esta profissional em https://s-on.pt/especialidades/)

PEACE & LOVE : o novo e melhorado “meter gelo na lesão”

“Fez uma entorse”?, “Magoou um músculo”?, “Deu um mau jeito”?


Eis os primeiros passos a seguir, que não dispensam o aconselhamento com um Fisioterapeuta ou Médico da área.
A reabilitação de lesões nos tecidos moles (ligamentos, tendões, músculos) pode ser bastante complexa. Ao longo dos anos, vários acrónimos têm surgido para guiar o caminho da reabilitação a partir do momento em que uma lesão dos referidos acontece. Nos últimos anos, o PRICE foi o mais aceite (Proteção, Repouso, Ice=Gelo, Compressão, Elevação). No entanto, o PRICE foca-se maioritariamente na fase aguda/imediata da lesão, e ignora as fases seguintes (sub-agudas e crónicas) de regeneração dos tecidos. Surge em 2020 um novo e melhorado acrónimo, que se foca em educar a população em geral para a importância dos fatores psicossociais na sua própria evolução, PEACE & LOVE. Enquanto que a medicação anti-inflamatória frequentemente utilizada mostra benefícios na dor e função, este acrónimo alerta para os seus potenciais efeitos negativos numa regeneração ótima dos tecidos.

Temos então:

P Proteção – Evitar atividades e movimentos que aumentem a dor nos primeiros dias após a lesão
E Elevação – Elevar o membro lesado acima do nível do coração frequentemente
A Anti-inflamatórios são de Evitar – Evitar esta medicação, e evitar Gelo pois reduzem a capacidade de regeneração dos tecidos
C Compressão – Usar ligaduras elásticas para reduzir inchaço
E Educação – O seu corpo sabe o melhor. Evite tratamentos passivos e investigações médicas desnecessárias e deixa a natureza ter o seu papel
&
L Load=Carga – Deixe a dor guiá-lo gradualmente para o retorno às atividades normais. O seu corpo dir-lhe-á quando é seguro aumentar a carga externa.
O Otimismo – Condicione o seu cérebro para uma recuperação ótima ao estar confiante e positivo
V Vascularização – Escolha atividades cardiovasculares livres de dor para aumentar a circulação sanguínea promovendo a reparação tecidular
E Exercício – Restaurar a mobilidade, força e propriocepção (capacidade do cérebro reconhecer a posição do nosso corpo no espaço) ao adotar uma abordagem ativa na recuperação

Explicando mais detalhadamente:

“Imediatamente após a lesão de um tecido mole, “do no harm” = não faça mal e deixe a PEACE (paz) guiar a sua abordagem”

P = Proteção
Restrinja movimentos durante 1-3 dias
-isto vai reduzir sangramento
-previne distensão de fibras lesadas
-reduz o risco de agravamento da lesão
Minimize o descanso
-descanso prolongado compromete a força e qualidade dos tecidos
Deixe a dor guiar a remoção da Proteção e gradual regresso à carga

E = Elevação
Eleve o membro afetado acima do nível do coração
-isto promove a circulação de fluído intersticial para fora do tecido lesado
-apesar de existir pouca evidência para este ponto, é ainda altamente recomendado por haver um rácio de risco-benefício muito baixo

A = Anti-Inflamatórios são de evitar
Medicações anti-inflamatórias podem prejudicar a regeneração tecidular a longo-prazo
-a regeneração ótima dos tecidos moles é suportada pelas várias fases do processo inflamatório
-utilizar medicações para inibir o processo inflamatório podem ter efeitos negativos no processo de cura
Evite Gelo
-o uso do gelo é maioritariamente analgésico
-apesar de ser largamente aceite como intervenção, há muito pouca evidência de qualidade que suporte o uso do gelo no tratamento de lesões dos tecidos moles
-gelo pode potencialmente quebrar o processo inflamatório, angiogénese e revascularização
-gelo pode potencialmente atrasar a infiltração de neutrófilos e macrófagos
-gelo pode potencialmente aumentar o nº de miofibras imaturas
-isto pode resultar numa pobre regeneração tecidular e numa síntese de colagénio redundante

C = Compress
Edema/Inchaço intra-articular e hemorragia dos tecidos podem ser limitadas por forças externas mecânicas tais como ligaduras

E = Educação
É responsabilidade dos Fisioterapeutas educar os pacientes sobre os muitos benefícios de uma abordagem ativa na recuperação em vez de uma abordagem passiva
Terapias passivas numa fase inicial tais como eletroterapia, terapia manual ou acupuntura após uma lesão têm um efeito mínimo na dor e função quando comparadas com uma abordagem ativa
Se os Fisioterapeutas e Médicos (entre outros profissionais de saúde) estimularem a ideia de que o paciente “necessita de arranjo” pode criar uma dependência do profissional de saúde e que, na verdade, contribuem para a persistência dos sintomas
Pacientes precisam de ter uma educação melhorada sobre a sua condição
Gestão da Carga externa vai evitar tratamento excessivo de uma lesão
-Tratamento excessivo pode aumentar a probabilidade de necessidade de injeções e cirurgias a custos elevados
É crítico que os fisioterapeutas (e outros profissionais de saúde quando aconselham os pacientes) eduquem os seus pacientes e sejam realistas relativamente a expectativas sobre tempos de recuperação

“Depois dos primeiros dias terem passado, os tecidos moles precisam de LOVE (amor)”

L = Load/Carga
Pacientes com disfunções do foro músculo-esquelético beneficiam de uma abordagem ativa com movimento e exercícios
Atividades normais devem continuar assim que os sintomas o permitam
Stress mecânico é indicado numa fase inicial
Otimização da carga sem aumentar a dor
-promove reparação e regeneração
-constrói tolerância dos tecidos e capacidade dos tendões, músculos e ligamentos via mecanotransdução

O = Otimismo
O cérebro tem um papel significativo nas intervenções de reabilitação
Barreiras à recuperação incluem fatores psicológicos tais como:
-catastrofização
-depressão
-medo
-evidência científica demonstra que estes fatores podem ser o centro da explicação da variação de sintomas e limitações após entorse da tibio-társica (tornozelo), por exemplo, do que o grau de alterações patofisiológicas em si
Expectações pessimistas do paciente influenciam os resultados e prognóstico de uma lesão

V =Vascularização
A gestão de uma lesão músculo-esquelética tem de incluir atividade física cardiovascular
– mais estudos são necessários para definir uma dose específica, mas atividade cardiovascular livre de dor é um impulsionador de motivação e aumenta a circulação sanguínea e o aporte da mesma às estruturas lesadas
– Benefícios da mobilização numa fase inicial e exercício aeróbio em pessoas com disfunções músculo-esqueléticas incluem:
-melhoria na funcionalidade
-melhoria no estatuto de trabalho
-reduz a necessidade de medicação analgésica

E = Exercício
Evidência suporta que o uso de exercício terapêutico no tratamento de entorses da tibio-társica (entre outros) e reduz o risco de lesão recorrente
Benefícios do exercício
-restora a mobilidade
-restora a força
-restora a proprioceção, pouco depois da lesão
Evita a dor promovendo regeneração ótima na fase sub-aguda
Usa a dor como um guia para progredir exercícios gradualmente para níveis de dificuldade mais elevados

Fonte: https://www.physio-pedia.com/Peace_and_Love_Principle

Escoliose

O que são?


Escolioses são das disfunções na coluna vertebral que mais afeta adultos, e é definida como uma deformidade complexa da coluna que altera as curvaturas normais da coluna.
Ao observarmos alguém de lado, deveremos ser capazes de identificar 3 curvas habituais: uma no pescoço (chamada lordose, com o formato como na linha curva do D) , outra da região do tórax (chamada cifose, com o formato de curvatura do C), e outra na região lombar (lordose). Ao observarmos alguém de costas, não deveremos ser capazes de encontrar nenhuma curvatura, mas sim observar a coluna em linha reta. Se identificarmos curvas para o lado neste ponto de vista, chamamos-lhe escoliose. Estas curvaturas podem ser mais acentuadas para um lado ou para o outro, e têm vários graus de gravidade, apresentando-se por vezes em formato de S.

Qual a causa?
É importante perceber se a escoliose tem origem só na coluna, ou se é causada por uma diferença entre o comprimento de um membro inferior em relação ao outro (dismetria). Quando não causada por dismetria, é denominada de Escoliose Idiopática.
Fatores de Risco na origem de Escolioses na adolescência:
-Obesidade
-Mobiliário Escolar (mesas, cadeiras devem promover posturas corretas)
-Mochila Escolar (assimetria e excesso de peso – não deverá exceder 15-20% do peso do jovem)
-Tecnologias de Informação (nº elevado de uso de computador leva ao aumento de posturas inadequadas, para além de que ao haver menos horas em atividade física maior a vulnerabilidade da coluna a lesões)

(Paiva et al., 2009)

Quais os sintomas?
Dependendo da gravidade da escoliose e do estilo de vida adotado pela pessoa, os sintomas variam, sendo os mais comuns: dor (na coluna e/ou membro(s)), diminuição da funcionalidade e qualidade de vida. Em casos muito graves também é referida dificuldade respiratória.

Qual o tratamento?
Ainda não há estudos científicos de qualidade que comparem diretamente o tratamento cirúrgico VS não-cirúrgico. No entanto, o tratamento cirúrgico (com objetivo de corrigir a curvatura excessiva) tem vindo a ser menos utilizado pelo risco de complicações associadas na população adulta ser elevado, pelo que esta deve ser cuidadosamente ponderada. Relativamente ao tratamento não-cirúrgico temos:

Fisioterapia: consiste na prescrição de exercício terapêutico focado no fortalecimento core e aumento da estabilidade articular da coluna. O “fortalecimento core” corresponde ao “restauro ou promoção da capacidade do sistema neuro-muscular de controlar e proteger a coluna vertebral de lesões e re-lesões” (Alanazi et al, 2018). No fundo o objetivo será avaliar quais os músculos mais “tensos” e quais os mais “relaxados” e encontrar através do plano de exercícios ajustado com o Fisioterapeuta a melhor maneira de os equilibrar. É importante referir que técnicas de fisioterapia associadas a meios físicos (ex.: eletroterapia, ultra-som, etc) não têm evidência científica de qualidade que suportem o benefício para o utente, pelo que não se justifica o seu uso. Pilates Clínico e Yoga Terapêutico são duas opções de prática regular de exercício individual ou em grupo que promovem a manutenção de uma coluna saudável, tais como um programa de Fisioterapia de rotina.


Manipulação Vertebral utilizada por Fisioterapeutas, Osteopatas, Quiropratas, etc: esta técnica é frequentemente utilizada na Terapia Manual efetuada por Fisioterapeutas e Osteopatas. No entanto, a literatura refere que esta e outras técnicas de terapia manual (libertação miofascial, por exemplo) apenas alivia os sintomas de dor imediata, não reduzindo a curvatura excessiva associada à escoliose, pelo que o principal fator causador da dor permanecerá, e a pessoa tornar-se-á dependente das visitas a este profissional para manutenção da sua qualidade de vida, o que não é o ideal. Poderá ser uma técnica adicional, mas nunca a ser utilizada sem a adoção de um programa de exercícios. (Wu et al., 2020; Lotan & Kalichman, 2019, Driehuis et al., 2019)


Injeções farmacológicas / Epidural: estes métodos permitem aliviar a dor aguda/grave momentaneamente, mas, não atuando na origem dos sintomas, estes irão reaparecer.

Tendinopatias: Tendinites e Tendinoses

De um modo resumido, Tendão é o nome dado às extremidades de um músculo, conectando-o aos vários ossos. A conectar os ossos entre si temos os Ligamentos. Quando o músculo contrai, o tendão vai transformar a força gerada pela contração muscular em movimento, servindo como uma “ponte mecânica” provocam movimento de um dado segmento corporal no espaço. (Loiacono, C. et al., 2019) Para além disto, o tendão absorve forças externas por forma a limitar sobrecargas musculares (funcionando quase como um armazenador de energia). Graças às suas propriedades propriocetivas (proprioceção é a capacidade que o nosso cérebro tem de reconhecer a posição do nosso corpo no espaço), constituem um papel importantíssimo nos ajustes posturais. Os tendões têm vários componentes que o constituem: tenócitos, fibras de colagénio, entre outros.

Disfunções do Tendão são o grande grupo que engloba tanto Lesões Traumáticas (que ocorrem num momento específico no tempo, como a rutura do tendão associada a uma lesão no desporto por exemplo) como condições que se desenvolvem durante um maior período temporal levando a dor e diminuição de função do tendão como Tendinopatias. Ambas são extremamente comuns e constituem 30% de todas as consultas do foro ortopédico/músculo-esquelético.


As Tendinopatias podem-se classificar consoante a sua origem em:
Tendinites: caracterizada pela inflamação;
Tendinoses: caracterizada por alterações degenerativas na estrutura do tendão.


Na maioria dos casos, as Tendinopatias têm origem em mais do que um fator, que em conjunto levam à perda de integridade do tendão e consequente rutura. Contudo, de modo geral, pode dizer-se que a tendinopatia surge pela tentativa mal sucedida do nosso organismo recuperar o tendão lesado, resultando numa proliferação não organizada de certos componentes do tendão, rotura de fibras de colagénio ou formação não normal de tecido cicatricial (Loiacono et al., 2019; Limpan et al., 2018)

Quais os sintomas?
Dor no local do tendão afetado, que por vezes diminui a capacidade da pessoa realizar a sua função e de desempenhar as tarefas do dia-a-dia.
É, geralmente, descrita como “forte” na sua fase inicial e como “moinha” após algumas semanas.

Opções de Tratamento
Não resta margem para dúvida quando referimos que o caminho será sempre estarmos atentos ao nosso corpo, aos nossos limites, e apostamos na prevenção mais que tudo. Devemos apostar num estilo de vida e rotinas que promovam a nossa saúde mais do que preocuparmo-nos com a doença. No entanto, quando esta surge, as respostas atuais são: farmacológicas, fisioterapêuticas e nutricionais. Vamos analisar uma a uma, destacando que raramente uma acontece em separado das outras.

Farmacológica: o tratamento através deste método é, segundo a evidência científica mais recente, muito limitado, uma vez que estas são estruturas muito pouco vascularizadas (com poucos vasos sanguíneos a irrigá-la), pelo que drogas que cheguem a este tipo de tecido do organismo são pouco eficazes. São frequentemente administrados anestésicos, por forma à dor ser mais suportável (algo que pode ser contornado e não é essencial), anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) e anti-inflamatórios esteróides (AIEs):
-Ácido Hialurónico tem revelado efeitos anti-infamatórios positivos, bem como na proliferação celular e síntese de colagénio (componente do tendão). Revela efeitos positivos em tendinopatias como epicondilite ou tendinopatia do tendão rotuliano, mas a evidência científica que suporte esta afirmação ainda é limitada.
-AINEs, na ausência da manifestação de um processo inflamatório, não alteram o curso da tendinopatia crónica e podem ter efeitos negativos no processo regenerativo dos tecidos, devendo ser utilizados com bastante caução.
-Cortico-esteróides representam um dos tratamentos mais comuns, no entanto muitos estudos sugerem que apesar de terem um efeito a curto-prazo na dor, a sua ação é prejudicial para o tendão a longo-prazo por reduzir a vitalidade celular do tendão e promover a desorganização dos seus componentes.
-Injeções de Plasma enriquecido com Plaquetas ou Proloterapia são algumas opções atualmente também disponíveis mas que, mais uma vez, não apresentam evidência científica com suficiente qualidade que suporte os seus benefícios nas tendinopatias. (Loiacono et al., 2019)

Fisioterapia: Vários métodos de Fisioterapia têm vindo a ser utilizados e desenvolvidos nos últimos anos, sendo que a prescrição de exercício é sem dúvida o método mais apontado pela literatura científica como ideal no tratamento das tendinopatias.
-Prescrição de Exercício: o tratamento mais eficaz para tendinopatias é representado pelo exercício terapêutico. Exercícios Excêntricos com alongamentos do músculo durante a contração têm tido um papel importante no tratamento da tendinopatia, principalmente (mas não só) em tendinopatias do tendão de Aquiles e do tendão rotuliano. Estes e outros exercícios promovem a ligação cruzada entre as fibras de colagénio presentes no tendão (que se encontravam lesadas), facilitando a sua remodelação e causam proliferação celular e remodelação da matriz celular. As propriedades mecânicas dos exercícios físicos também possibilitam a reorganização e recuperação das fibras do tendão. Dúvidas em relação ao volume, frequência, velocidade relativamente à prescrição de exercícios ainda permanecem, não sendo por isto possível a existência de 1 plano de exercícios que se adapte a todos os casos clínicos, sendo por isto essencial que um plano seja proposto e adaptado por um Fisioterapeuta e o seu utente, especificamente para cada caso, para cada pessoa.
-Terapia de Ondas de Choque: tornou-se muito popular nos últimos anos para tratamento de tendinopatias calcificantes da coifa dos rotadores, epicondilite, fascite plantar, tendinite do tendão de Aquiles ou do rotuliano. Teoricamente promovem a diferenciação de células estaminais derivadas do tendão, a proliferação de tenócitos (outro componente do tendão) e a síntese de colagénio. Para além disso, estima-se que promovem a libertação de substâncias que inibem a dor (endorfinas – “hormona da felicidade”). No entanto o mecanismo de ação ainda é desconhecido, e ainda existem poucos parâmetros standardizados de aplicação.
-Campos Eletromagnéticos Pulsados: teoricamente estimulariam os processos biofísicos, mas a literatura científica mostra-se ambígua e incoerente.
-Eletrólise Percutânea: despoleta uma reação orgânica localizada (através de uma agulha guiada por ultra-som), que se segue por fenómeno regenerativo. Alguns estudos mostram resultados encorajadores no tratamento da tendinopatia do tendão rotuliano, epicondilite e tendinopatia proximal do tendão dos ísquio-tibiais, mas ainda não é consensual.
-Ultra-som: terapia utilizada comumente em Portugal mas que hoje em dia se sabe existir evidência fraca da sua eficácia e do seu benefício para o utente.
-Massagem transversal profunda: os estudos e revisões da literatura mostram que esta técnica não apresenta nenhum benefício em relação a outros tratamentos.
-Laser: quando combinado com exercício terapêutico parece ajudar na diminuição da dor, no entanto desconhece-se ao certo o seu mecanismo de ação, e revela resultados heterogéneos (nem todas as pessoas reportam os mesmos efeitos).
(Loiacono et al., 2019; Limpan et al., 2018; Andarawis-Puri et al., 2015)

Nutrição: os efeitos metabólicos provocados pelo uso de suplementos nutricionais podem ser extremamente benéficos quando combinados com os métodos de eleição acima descritos. É necessário o acompanhamento devido por um nutricionista, uma vez que o abuso de certos componentes pode desencadear efeitos negativos, tais como o abuso de esteróides anabólicos-androgénicos têm evidenciado um risco aumentado para rotura do tendão no membro superior.
Outro exemplo importante é o facto da hipercolestrolémia ser um fator de risco reconhecido para o alto risco de desenvolver tendinopatias, e frequentemente encontrado em casos de rotura da coifa dos rotadores e tendão de aquiles.
A nutrição tem um papel importante na manutenção dos tecidos do nosso organismo, e o tendão não é exceção. (Loiacono et al., 2019)

Pneumonia

O que é?

A Pneumonia é uma inflamação nos pulmões, mais precisamente no parênquima pulmonar, local onde ocorrem as trocas gasosas indispensáveis à vida. Pode ser leve, severa ou mortal, dependendo da idade do doente e do seu estado de saúde.

Qual a causa?

A Pneumonia é causada pela penetração de agentes infeciosos no espaço alveolar, onde ocorre a troca gasosa, através de via aérea. Pode ser originada por uma bactéria (ex.: pneumococo), por um vírus (ex.: vírus da gripe) ou por um fungo, apesar deste último não ser tão comum.

Quais os sinais, sintomas e consequências?

Os Sintomas, de forma geral são: febre, tosse, calafrios, dores musculares, de cabeça e articulares. No entanto a Pneumonia não tem sintomas particulares, um doente infetado tem sintomas semelhantes aos de outras doenças do sistema respiratório, pelo que é difícil detetar.

Quem é afectado pela doença?

Qualquer pessoa pode ter Pneumonia, mas há vários fatores que podem aumentar a probabilidade de contrair a doença e de a ter de um modo severo. Um dos fatores mais importantes é a idade, sendo que o sistema imunitário de pessoas com mais de 65 anos vai-se tornando menos capaz de lutar contra uma infeção. Crianças com menos de 2 anos também têm um risco mais elevado, pois o Sistema Imunitário ainda não está totalmente desenvolvido. Para além disso, existem outros fatores:

Condições médicas

  • Doença Crónica dos Pulmões que deixem os pulmões mais vulneráveis como DPOC, bronquiectasias, fibrose quística;
  • Outra doença crónica severa, como doenças cardíacas, diabetes, anemia;
  • Sistema imunitário comprometido devido a HIV/SIDA, transplante de órgãos, quimioterapia ou uso de esteróides por longos períodos;
  • Dificuldade da deglutição, devido a AVCs, demência, Doença de Parkinson, ou outra condição neurológica, que pode resultar em aspiração de comida, vómito ou saliva para os pulmões, provocando infeção
  • Infeção respiratória viral recente – constipação, laringite, gripe, etc.;
  • Hospitalização, especialmente quando em cuidados intensivos c/ necessidade de ventilador para respirar.

Comportamentos de saúde

  • Hábitos tabágicos, pois danificam os pulmões;
  • Abuso de álcool e/ou drogas, pois aumentam o risco de pneumonia por aspiração.

Ambiente

Exposição a certos químicos, poluentes ou fumos tóxicos, incluindo tabagismo passivo.


Por ano, cerca de 12 pessoas por cada 1000 habitantes.


Qual o tratamento?

Na maior parte dos casos o tratamento não obriga a internamento, podendo este ser feito em ambulatório. No entanto, se se verificar outro tipo de problemas de saúde ou doenças que possam fazer agravar a Pneumonia é aconselhável que se recorra ao internamento, até porque entre as primeiras 48h a 72h a evolução da infeção não decorre de forma favorável. Se a infeção for de origem bacteriana é tratada com antibióticos, se na sua origem estiver um vírus recorre-se a fármacos antivirais.

Como prevenir?

A vacinação contra a gripe é uma das formas de prevenir a pneumonia, principalmente na parte da população com maior risco de contrair a doença, uma vez que infeções virais recentes debilitam o sistema imunitário, facilitando o aparecimento da Pneumonia.

Lave as mãos regularmente, especialmente depois de assoar o nariz, utilizar a WC e antes de comer/preparar comida.

Não fume, pois este diminui a capacidade dos pulmões lutarem contra infeções, sendo fumadores um dos grupos com risco mais elevado de contrair pneumonia.

Tenha atenção ao seu estado geral de saúde:

  • Uma vez que a pneumonia frequentemente segue uma infeção respiratória, tenha atenção a sintomas que perdurem no tempo por mais que alguns dias;
  • Bons hábitos de saúde são essenciais: dieta saudável, bom descanso, exercício regular, etc. – ajudam na prevenção de doença por vírus e doenças respiratórias e promovem uma recuperação mais rápida na presença de uma constipação ou outra doença respiratória.
  • Se tiver cancro ou HIV, fale com o seu médico sobre maneiras adicionais de prevenir pneumonia ou outras infeções.

Mais questões/dúvidas?

Contacte-nos.

(Informações reunidas pela nossa equipa de Fisioterapeutas, com recurso às seguintes fontes livres: http://www.ulscb.min-saude.pt/, 2019; https://www.lung.org/, 2021)